quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A CONTRIBUIÇÃO DE BORJE HOLMBERG PARA O PROFESSOR DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Lívia Catarina Matoso dos Santos Telles

Acadêmica do VIII Período de Pedagogia ano de 2009

Por razões históricas e estratégicas a Escola brasileira se caracterizou fundamentalmente pela figura do mestre ensinando e pelos alunos aprendendo, esta maneira organizacional levou os professores a serem alvo de sérias críticas, tanto dos construtivistas para com os de postura tradicional, quanto dos instrutivistas para com os construtivistas, enfim, o professor foi e é sempre alvo de discussões e novas teorias que visam esclarecer cada vez mais precisamente como se dá a aprendizagem, para desta forma teorizar-se acerca de qual deve ser o papel do professor.

Entretanto surgiu uma nova realidade para estes profissionais trazida pela modalidade de Ensino denominada Educação a Distância (EaD), onde acaba-se com a costumeira sala de aula com quadro e professor e adota-se um ambiente pedagógico mais tecnológico e a separação física entre quem ensina e quem aprende.

Devido à relevância que a EaD vem assumindo no cenário nacional, está gerando diversas mudanças que refletem na Educação e consequentemente nos professores, que já estão presenciando esta tecnologia chegando à sala de aula dos cursos de formação à distância oferecidos pelas universidades e faculdades, com grande rapidez, através da abertura destes cursos que não param de crescer em todos os cantos do país.

A EaD não é nova, o que muda constantemente são as tecnologias que são utilizadas, hoje temos a educação presencial, semi-presencial e educação a distância (ou virtual). A presencial é a forma mais convencional, onde professores e alunos se encontram na sala de aula todos os dias. A semi-presencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a distância, através de tecnologias e a EaD pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação.

Para melhor compreensão de todo este processo de mudança encontra-se nas teorias de Borje Holmberg relevantes conceitos que irão subsidiar neste artigo uma reflexão pedagógica acerca do papel do professor, já que o autor ajudou a construir o patrimônio teórico conceitual da Educação a Distância, sendo um dos pioneiros nesta área.

Börje Holmberg defende a Teoria da Conversação Didática Guiada. Argumenta que a conversação didática guiada deverá ser uma conversação amigável, promovida por troca de idéias e por materiais de auto-aprendizagem bem desenvolvidos, num estilo pessoal, com a utilização de pronomes pessoais e possessivos, para resultar em sentimentos de relação interpessoal, prazer intelectual e motivação para o estudo.

Holmberg diz que o contato, através das tecnologias, entre professor-aluno é fundamental para a motivação podendo ser a EaD uma promovedora de autonomia do aluno em relação ao professor. Centra a sua análise na interpersonalização do processo de ensino a distância.

Seus estudos foram baseados nas suas diversas e importantes experiências educativas. Holmberg foi Diretor educacional de Hermods, na Suécia, a maior organização do Ensino à Distância da Europa. Neste tempo publicou os estudos sobre a Educação à Distância, três monografias, diversos livros e artigos para revistas da educação, contribuiu também para a investigação e o debate sobre a educação à distância, por exemplo, com os artigos "Open Learning" e "Epistolodidaktika".

Influenciado pela corrente humanística da Educação propõe os conceitos fundamentais de autonomia do aprendiz e comunicação distante (distante no sentido de espaço fisco, pois o autor deixa claro que através das tecnologias é possível o professor estar muito presente devido a sua fala e ações pedagógicas estarem voltadas para a interatividade).

Como observa-se, para ele o diálogo é central no estudo a distância. A partir dos conhecimentos pedagógicos aliados as tecnologias e a didática, o professor se torna um parceiro do aluno, ajudando na construção coletiva do saber. De transmissor de conhecimento torna-se, na EaD, um organizador, orientador, facilitador, ou seja, em um gestor da informação.

Este processo de mudança não é fácil para o professor, que por vezes pode pensar que vai perder a sua identidade na atuação docente podendo concluir que com tanta tecnologia e incentivo ao autodidatismo é possível os alunos aprenderem sozinhos. Contudo com os ensinos de Holmberg demonstra-se que já era muito importante para ele, como é atualmente, que o uso das tecnologias e o professor se adaptem ao ritmo pessoal podendo ser mais personalizada e dialógica, apesar dos enfoques tecnológicos. A comunicação à distância precisa ser bidirecional, adequada, clara e precisa.

A teoria de Holmberg foi considerada a que maior contributo dá para a construção de diálogos eficazes com os aprendentes, como comprovam os resultados experimentais dos estudos apresentados pela Open University, integrados no relatório de 1998, do Knowledge Media Institute.

Constata-se desta forma que o professor da EaD está assumindo múltiplos papéis e que não é pelo fato de estar ocorrendo esta mudança que sua identidade ficará perdida ou sua profissão desvalorizada. Holmberg admite que apesar dos cursos pré-produzidos poderem ter valências comunicacionais, a conversação real entre professor e estudante possui características essenciais, que não devem ser perdidas por causa das tecnologias, mas sim cada vez mais objetivadas no seu uso.

13 comentários:

conceição disse...

Muito boa sua explanação sobre o assunto. E mais uma vez fica evidenciada a importancia de um professor como ponto de apoio, não importando o tipo de educação que seja aplicada.
Gostei!

Débora Possmoser disse...

Gosto da ideia de que o aluno deve ter autonomia,criando seus proprios guias de estudo, nao deveria ser desenvolvido so na EAD mais na presencial tambem, outro aspecto abordado e a conversaçao, sem duvida é mais vantajosa se for amigavel, tratando o aluno mais livre. O que mais gostei foi a maneira como é desenvolvido os textos que visam conversar com o aluno, sao mais envolventes e contribui para a melhor compreensao do aluno. Muito bom Livia.
Sinto falta desde aspectos nos livros, as vezes tem uma linguagem tao tecnica q nem é possivel compreender direito a visao do autor.

Lívia Matoso disse...
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Academicos de Pedagogia 8º periodo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Keila Trevizane disse...

É verdade que a escola sempre teve a figura do professor ensinando e aluno aprendendo. Essa posição sempre teve críticas,então surgiu a EAD onde o professor será o criador do estilo que acredita, adaptando as suas reais necessidades.

Viviane disse...

Um ponto preocupante é a plena autonomia do aluno, ponto que ainda deve ser bem preparado, por que na Ead o aluno só vai aprender se realmente quiser.
parabéns pelo artigo.

Zenaide Moreira disse...

Holmberg acredita que o diálogo é o ponto central no ensino à distância. O professor é parceiro e não detentor único do conhecimento. Creio que esse conceito está presente também no ensino presencial.

Osvaldo da Silva disse...

Lívia,
sabemos que a EAD ainda enfrenta muitos desafios de aceitação principalmente por erroneamente apresentar a visão de que seu crescimento acarretará uma perca de identidade e espaço do professor. Abordar e apresentar a defesa teórica de Borje Holmberg foi imprescindível para fundamentar que deve ser papel da educação (seja presencial ou não) a preocupação com o indivíduo e sua aprendizagem. Além de apresentar de forma clara a visão e contribuição de Holmberg à EAD, como pano de fundo você mostrou ainda a importância de aplicarmos este pensamento a outras possibilidades de aquisição do conhecimento.
Parabéns.

Jandira Lima da Silva disse...

No EaD a função do professor é apenas auxiliar o aluno. Mas a questão de aprendizagem cabe ao aluno. Tudo vai depender do seu interesse em desenvolver.

Juciane 8° período disse...

Realmente, Lívia, a EAD não é nova e sim as tecnologias utilizadas é que vão inovando as formas de ensino, e os representantes do ensino precisam estar atentos a essas mudanças para que o processo não pare!!!

ELIANE CONCEIÇÃO disse...

TANTO O PROFESSOR DA EAD COMO DO ENSINO PRESENCIAL DEVE TER CONSCIENCIA DO SEU PAPEL DE MEDIADOR, DE FACILITADOR DA APRENDIZAGEM. ESSE PROFISSIONAL É AQUELE QUE IRÁ QUESTIONAR, INSTIGAR O ALUNO NO MOMENTO CERTO, DANDO A ELE UMA AUTONOMIA ASSISTIDA PARA QUE POSSA CONQUISTAR O SABER.

Marta Cristiana disse...

Cara Livia, muito boa a sua explicação, sobre o ensino a distância no ponto de vista de Holmberg. O professor é importante como um apoio para o aluno e deve desenvolver a autonomia do aprendiz, a conversação amigável e o bate papo são essenciais.

Uátia Tânia disse...

Gostei do pensamento de Homlberg quando propõe que o professor da Ead promova ações pedagógicas voltadas para a interatividade, resultando desta forma no prazer do aluno em conhecer e se motivar para o estudo. Quando não há uma interação entre aquele que propõe o ensino e o aluno há uma possibilidade maior de o aprendizado tornar-se realmente desestimulante.