sexta-feira, 2 de outubro de 2009

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: TÃO EFICIENTE E ANTIGA QUANTO A TRADICIONAL


Wesley Grudtner Martins
VIII Período de Pedagogia – ano 2009


O presente artigo é fundamentado em estudos e pesquisas de vários autores que apresentam conhecimentos inerentes ao assunto, dessa maneira, pode-se dizer que quem imagina que a Educação a distância – EaD, surgiu ontem, está totalmente equivocado e fora do contexto histórico. Essa modalidade de educação remonta desde a antiguidade. Na Grécia antiga, e depois em Roma, existia uma rede de comunicação que permitia o desenvolvimento significativo da correspondência. A história ainda menciona as cartas enviadas aos comandantes militares em campos de batalha, onde os reis mudavam de estratégia e comunicavam através de cartas os seus generais. É também mencionado que patriarcas e mestres enviavam epístolas aos seus discípulos que se encontravam distantes, ensinando-os.
Mas somente nos séculos XIX e XX é que a EaD passou a fazer parte das atenções pedagógicas, isso devido a necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários motivos, não podiam freqüentar um estabelecimento de ensino presencial. Com isso foi evoluindo de acordo com as tecnologias disponíveis em cada momento histórico, as quais influenciavam o ambiente educativo e a sociedade.
O ensino a distância surgiu no Brasil no início do século passado e durante décadas, foi sinônimo de curso por correspondência. Os alunos liam as apostilas em casa, enviavam e recebiam suas dúvidas e seus exames pelo correio. Certo avanço se viu nos anos 70, quando à velha fórmula se somaram aulas transmitidas na televisão – caso do tradicional Telecurso.
A EaD deve ser vista como possibilidade de inserção social, propagação do conhecimento individual e coletivo, e como tal pode ajudar na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É nesta direção que a Universidade vê a possibilidade de formar cidadãos conscientes de seu papel sócio político, ainda que vivam em regiões onde a oportunidade de ensino de qualidade seja remota ou que a vida contemporânea reduza a disponibilidade para investir nos estudos. Porém, por falta de conhecimento, inúmeras críticas são atribuídas a modalidade. Na década de 80, ela chegou a ser referida em rodas de Ph.Ds, pelo pejorativo apelido de "supletivo de smoking".
Na última paralisação da USP, em junho de 2009, essa modalidade de ensino, que já se decidiu implantar ali, foi satirizada pelos grevistas. Eles diziam se tratar de uma graduação de "segunda categoria" que acabaria por manchar a reputação da universidade.
De acordo com Sofia Esteves (2009), "É necessário mais tempo para que as grandes empresas entendam que esse diploma vale tanto quanto o outro". A discussão passa ao largo dos fatos. No mundo inteiro, os cursos universitários à distância funcionam muito bem. No Brasil, os primeiros resultados sobre eles indicam o mesmo.
Segundo Maria Inês Fini (2009), "Existe no país uma sacralização da sala de aula, o que remete às primeiras escolas do século XIX", e referindo-se ao ensino tradicional, ela complementa: "é um apego a uma concepção de ensino que não tem mais lugar, especialmente no mundo pós-internet."
A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação.
Conforme Palangana (1998). No trabalho organizado, com base na teoria de ponta, “não há espaço para uma formação individual ominilateral, no sentido marxiano, porque os trabalhadores, mesmo que manipulando tecnologias que requerem mais informações, apresentam uma consciência uniformizada, lendo a realidade social através das lentes do capital”. E ainda: “a educação não é capaz de mudar a cultura – até porque é parte dela – mas é capaz de gerar um clima mais favorável à transformação”. Por isso, é indispensável insistir “na experiência formativa, na crítica objetiva, na abertura a história, num modo alternativo de trabalhar e viver”, fazendo valer o direito de liberdade e individualidade.
Ainda de acordo com Palangana (1998), “em cada período a sociedade capitalista forma os indivíduos necessários para a reprodução da ordem vigente. Hoje são exigidas outras capacidades que não aquelas requeridas pelo capital no contexto da automação rígida”. E ela ainda menciona que tanto Piaget quanto Vygotsky “compartilham a noção do organismo ativo na construção do conhecimento. Ao explicitarem suas posições teóricas, ambos adotam uma conduta reconhecidamente interacionista”. Esses estudos deixaram claro que a partir da construção do conhecimento, é que o homem aderiu ao novo, coisa que ele não gosta de fazer, mas é somente dessa maneira que a ciência consegue evoluir, quebrando paradigmas e adotando novos conceitos.
As instituições de ensino vêm procurando ampliar o conhecimento acerca da revolução educacional que está ocorrendo por meio da EaD. Assim, a chamada educação on-line está desafiando as instituições a repensarem seus modelos pedagógicos, ao mesmo tempo em que oferece soluções para problemas que estas têm encontrado. Pode-se dizer que isto vem ocorrendo à medida que passamos de uma sociedade industrial para uma sociedade da informação. Atualmente a informação envelhece mais rapidamente, visto que neste contexto há constante necessidade de novos saberes. A discussão sobre usar ou não a internet no ensino tornou-se ultrapassada, uma vez que ela já se provou uma ferramenta útil em todos os níveis de ensino. Em países como Coréia do Sul e Japão, por exemplo, alunos de diferentes escolas fazem trabalhos colaborativos na rede – sistema que reproduz o que se passa entre os grandes centros de pesquisas do mundo.
O melhor exemplo de como o modelo funciona, se bem aplicado, vem da Open University, que surgiu na Inglaterra em 1969 e só oferece cursos a distância. Nos rankings, já ombreia com as melhores universidades do país, como Oxford e Cambridge. O que falta a 90% das instituições brasileiras é aprender a explorar adequadamente as potencialidades da internet.
Nesse sentido, Litwin (2001), aponta que: “O desafio permanente da educação a distância consiste em não perder de vista o sentido político original da oferta, em verificar se os suportes tecnológicos utilizados são os mais adequados para o desenvolvimento dos conteúdos, em identificar a proposta de ensino e a concepção de aprendizagem subjacente e em analisar de que maneira os desafios da distância são tratados entre alunos e docentes e entre os próprios alunos”.
Mas é preciso lembrar, como outrora mencionado, que a EAD não é algo recente e a Internet veio apenas permitir sua intensificação através de um canal eficiente de comunicação. A própria afirmação de Loyolla e Prates (2007), quando dizem que a EAD “baseia-se fortemente na abordagem pedagógica construtivista, já que a mesma se presta a ser aplicada com maior eficiência em relação às metodologias presenciais convencionais”, evidencia que a EAD pode ser entendida como uma ampliação / atualização de uma metodologia de ensino até então presencial.


OBRAS CONSULTADAS


PALANGANA, Isilda Campaner. Individualidade: afirmação e negação na sociedade capitalista. São Paulo: Plexus / EDU, 1998;

Revista Veja – Edição nº 2.127 de 26 de agosto de 2009;

Wikipédia, a enciclopédia livre - Página visitada em 28 de agosto de 2009.

18 comentários:

Academicos de Pedagogia 8º periodo disse...

Parabéns Wesley, ótimo trabalho, vamos aguardar os comentários dos colegas. Prof. Washington

Eliane Conceição da Silva disse...

Exelente artigo caro amigo Wesley.
Muito explicativo, trata da EAD relembrando o caminho trilhado por essa modalidade de ensino que teve início com a utilização das cartas e epístolas.
Aborda com perfeição o início da EAD no mundo e no Brasil.
A Educação a distância é definida pelo autor do artigo como uma possibilidade de inserção social, que infelizmente ainda é vista com certo receio, mas que ganhou e continua a ganhar credibilidade com mecanismo para o ensino e aprendizagem.
Parábens...

Anônimo disse...

Colega você fez uma retrospectiva da EaD no mundo, parabéns! Como você cita a Open University, eu gostaria de dizer que a Tele-University , no Canadá também é um ponto de referencia em EaD, a nível mundial.
Em seu artigo você mostra que Palagana , nos diz que o mundo evolui, a tecnologia também e portanto a EaD que tem na tecnologia sua principal aliada também deve evoluir.
Parabéns ! Você arrasou!

conceição disse...

Gostei muito do texto que voce produziu. Você deixa bem claro o que Palagana quer dizer quando fala que o mundo evolui, a tecnologia também evolui e portanto que a EaD também deve evoluir, já que sua principal ferramenta de trabalho é a tecnologia, e esta, está em constante renovação.

Abraços!

Lívia Matoso disse...

Wesley, no quarto parágrafo você fala da possibilidade de inserção social através da Ead para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Acredito que quanto mais se criar maneiras de proporcionar a democratização do conhecimento, melhor será para todos nós, mas precisamos ser fiscais para exigir uma educação de qualidade como também fazer a parte que nos cabe. Isto é cidadania.

Um abraço! Lívia

jandira disse...

Parabéns Wesley, você fez uma retrospectiva completa da história da EAD. Você deixa claro que a EAD "explodiu" após os avanços da tecnologia,dando oportunidade a tantas pessoas.

Por Jandira Lima da Silva.
8o. Período de Pedagogia.

Keila Trevizane disse...

Você retratou de forma simples e clara a evolução da EAD, ela esta presente há muito tempo em nossa sociedade e vem se aprimorando a cada dia. O que me chamou atenção no seu artigo for um comentario de Maria Inês Fini (2009), onde ela afirma que a única coisa que não mudou foi a sala de aula. Ela democratiza o ensino, pois o saber não fica só nas maõs dos professores.
Parabéns!!!

Jaqueline Matos disse...

Olá Wesley!
Gostei muito do seu artigo, do resgate histórico da EAD, mas principalmente dos dados estatísticos que você nos trouxe, como por exemplo o caso Open University, como uma das melhores Universidades do mundo no campo da educação a distância.
Parabéns!

Viviane disse...

A EAD está se transformando em um instrumento para a sociedade adquirir o conhecimento. Gostei do seu artigo, bem explicado sobre a EAD.

Anônimo disse...

Sofia Esteves (2009), "É necessário mais tempo para que as grandes empresas entendam que esse diploma vale tanto quanto o outro". Ainda que seja tão antiga, histórica...vou concordar com a autora acima descrita. Quem não conhce fica descofiado, e nós precisamos entender isso.
Discordo completamente do que Maria Inês Fine(2009) disse "...é uma apego a uma concepção de ensino que não tem mais lugar..."Ela está equivocada, por mais avanços tecnológicos que venhamos a ter, globalização, evolução,o ensino presencial nunca perderá o seu lugar, pois o mesmo tem o seu valor, afinal, ela está "cuspindo" no prato que comeu?? Rsrsrsrsr...
Colega Wesley, seu artigo foi muito bem colocado.

Stefânia Moreira

Zenaide Moreira disse...

Excelente artigo. Muito importante para conhecer a história da EaD e o posicionamento de diversos autores.

Osvaldo da Silva disse...

Amigo Wesley

impressionante a abordagem histórica que você apresenta sobre a EAD. É imprescindível ampliarmos nossos conceitos e entendermos a EAD como uma proposta séria e que se tornará cada vez mai constante nesta sociedade da informação e do conhecimento. Como nos alerta José Manoel Moran (2003) "as tecnologias não são a solução mágica para a mudança necessária, mas nos ajudam a realizá-la de forma mais fácil e rápida". Parabéns pelo artigo.

Juciane disse...

Muito bom o artigo!
Gostaria de enfatizar uma frase:
"a educação não é capaz de mudar a cultura, mas pode ser ferramenta que leva ao caminho da mudança!"
Acredito seguramente nisto e quero fazer parte de expectativa de mudanças...
Parabéns Wesley!

Academicos de Pedagogia 8º periodo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marta Cristiana disse...

Excelente Wesley!
Gostei muito do seu artigo, onde você trouxe uma reflexão histórica sobre o início do ensino a distância. Pois, na verdade ainda existe muito preconceito quanto a esse sistema.

Unknown disse...

Parabéns Wesley...
Vc realmente fez uma
retrospectiva da EAD...
Muito bom...
Abraço
Jandira Rossi da Silva

Academicos de Pedagogia 8º periodo disse...

Wesley, parabéns pelo o artigo muito esclarecedor, como a EaD é uma realidade e o preconceito a respeito da educação a distancia continua, concordo com a Livia que deve haver uma fiscalização para que não haja a banalização desta modalidade de ensino que até o momento lendo os artigos dos demais academicos tem sido uma forma de ensino que atinge pessoas que não dispunham de tempo e que oferecem qualidade e estão bem estruturados,então se aparecerem cursos que não oferecem qualidade muitos podem ser prejudicados e o preconceito continuaram com mais força.
Márcia Regina

Unknown disse...

Weslei, vc foi direto e objetivo em suas colocações no texto, parabéns vc vai longe amigão.